A
sexualidade ainda guarda (muitos) mistérios
“A sexualidade tem muito
mais riqueza e complexidade do que imaginamos, pelo simples fato de ser a
capacidade de um ser tão rico e complexo como é o ser humano”.
Julian Fernandez de Quero
Sexualidade, amor, romantismo,
reprodução, prazeres...de um impulso reprodutivo a um impulso que busca o
prazer, a conquista, a sedução sem limites, perversões, infinitas
possibilidades.
No mundo animal e vegetal,
a perpetuação genética é a finalidade maior da vida; nos grandes primatas como
por exemplo, o Chimpanzé, a sexualidade pode ser uma arma de poder e
subjugação, nos Bonobos, instrumento de prazer e formas de comunicação e boa
convivência, nos humanos, uma extraordinária complexidade que ainda guarda seus
mistérios a serem estudados e desvendados.
Sexualidade é o prazer
corporal por inteiro que, ao longo da evolução humana, passa do simples ato de
copular com a fêmea, tomando-a de sobressalto, ao hoje inominável ato de
fazê-lo sem o consentimento daquela que, após muitas e muitas batalhas, começa
a conquistar o respeito indispensável, justo, civilizado, indissociável do que
se pode chamar de igualdade de direitos, sem a menor possibilidade de
relativismos, em qualquer parte do mundo.
O sexo está,
indubitavelmente, no centro das atenções em todas as épocas e lugares, servindo
de combustível inspiracional para guerras, Helena de Tróia, ao rei bretão
Uther, que se vale do mago Merlin para deflorar a bela Igraine, esposa de
Gorlois, gerando o lendário rei Arthur ou ocupando as inúmeras páginas
policiais de hoje em dia...
Nem tudo, entretanto, são
conquistas e tragédias, ao contrário, a maior parte dos seres humanos deseja
apenas desfrutar do prazer que a sexualidade pode representar, prazeres esses
que não se delimitam à região genital, ao contrário, o polimorfismo representa
muito mais os prazeres carnais, emocionais, e até espirituais (inúmeros ritos
que se valem do sexo como forma de atingir o êxtase), tamanha a complexidade
que envolve esse conceito fulcral da humanidade.
A sexualidade nasce na
infância, e se desenvolve ao longo do tempo, mas pode trazer sequelas, caso as
diversas etapas que envolvem o tema não forem adequadamente trabalhadas. Sim,
transtornos da sexualidade faz parte do rol de problemas que afligem a
sociedade, muitas vezes por conta de repressões, preconceitos, tiranias, sempre
gratuitas e abomináveis. Apenas como exemplo, a homossexualidade foi
considerada uma enfermidade, uma doença mental pela Organização Mundial de
Saúde até o início de 1990, o que hoje é um completo absurdo. É possível que na
Grécia Antiga fosse considerada como um processo de integração entre os jovens
(é um tema controverso).
Em realidade, embora possa
parecer uma tentativa simplista de conceituar a sexualidade humana, mas o fato
é que ela se manifesta englobando todo um espectro epigenético-comportamental,
que faz com que seja tão ampla quanto a imaginação alcança, evidentemente não
podendo ser consideradas “normais” aquelas que causam sofrimento, desalento,
violência cáustica, física e emocional.
Desta forma, os avanços
obtidos graças às manifestações minoritárias, com a apoio de diversos segmentos
sociais, atualmente sabe-se que LGBTQiAP+ e tudo o mais que se desejar, são
pessoas, simplesmente pessoas que, como já afirmado, fazem parte da
complexidade humana e, como tal, precisam ser respeitadas, compreendidas e
inseridas na sociedade de forma plena, deixando de ser “minorias”, para,
definitivamente ocuparem seus espaços de direito.
Não, não se trata de permissividade e
violência contra os que pensam diferente, o fato objetivo é que somente com
conhecimento é possível agir adequada e justamente; a sociedade humana já errou
o suficiente para aprender que somente o conhecimento verdadeiro pode levar-nos
a um mundo mais justo, de maior bem-estar.
O que seria “conhecimento
verdadeiro”? aí entra a Ciência, tão falada e tão banalizada conceitualmente
nos dias de hoje. Ciência significa pesquisa séria, com métodos consagrados,
que podem sim trazer ao que se poderia chamar “verdade provisória”. Essa
verdade que é aceita pela comunidade científica séria, que tem o poder de
criticar, questionar, validar; ou seja, a Ciência provavelmente é a única forma
de conhecimento humano capaz de se reposicionar ante provas que refutam
consistentemente conhecimentos anteriores.
Sexualidade não se resume a
um conceito biológico, psicológico, psicanalítico, antropológico, social. Em
realidade, ela necessita de uma abordagem multidisciplinar para a busca de um
entendimento adequado. Reduzi-la a apenas um desses aspectos é tratar a
natureza humana com leviandade.
Aliás, a natureza humana
nos impõem diretrizes desde tempos ignotos, mas é sabido que a busca, não pela
felicidade (esta, subjetiva, efêmera), mas do bem-estar, é algo factível e
necessário. Dentre os componentes do bem-estar, a manifestação da sexualidade,
de forma plena, que não implique irracionalidades de nenhuma parte (estamos em
uma intensa fase de transição), é um fator essencial para a saúde física,
mental e emocional da humanidade. Por que tanta perda de tempo com
preconceitos, violência, exacerbações, às vezes de parte-a-parte O
tempo não é fluido, não passa por entre os dedos sem que se perceba sua
velocidade e inexorabilidade?
Mauricio
Lambiasi
Graduado
em Administração e Psicologia Clínica
Mestrado
em Recursos Humanos
Doutorando
em Ciências Empresariais e Sociais
Formando
em Psicanálise Clínica
Muito bacana o texto, que nos oferece uma perspectiva histórica, multidisciplinar (como mencionado) , combinada com a questão da diversidade, tema tão atual e importante.
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário!
ExcluirGostei da sutileza da sua análise
ResponderExcluirMuito obrigado pelo comentário!
ExcluirMuito obrigado pelo comentário!
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