Relacionamentos abusivos: homens também sofrem
Relacionamentos
abusivos: homens também sofrem
“O opressor não seria tão forte se não tivesse cúmplices entre os
próprios oprimidos”
Simone de Beauvoir
É por demais sabido que o
Brasil guarda alguns destaques indesejáveis, tais como feminicídio, preconceito
e violência para com as pessoas identificadas como LGBTQI+, contra etnias
(negros, indígenas, entre outros).
Esse rol de preconceito e
violência, felizmente vem sendo combatido cada vez mais. No caso da violência
contra a mulher, fortes movimentos que começaram na década de 1960, a
descoberta de contraceptivos alopáticos, dando maior liberdade a ela, o recente
movimento #Mee Too, a luta incansável de Maria da Penha que, inclusive, deu
nome a uma lei, são representativos de uma luta que ainda terá muitos capítulos
até que a sociedade como um todo entenda que essas situações são absolutamente
intoleráveis.
Este artigo, entretanto,
tem por objetivo tratar de um tema pouco explorado, que é a violência
psicológica contra os homens. Apesar de, seguramente, ser algo cuja frequência
é muitíssimo menor do que aquela que mulheres, LGBTQI+ e diversas etnias
sofrem, não deixa de ser algo a ser denunciado, a ser trabalhado para que se
evite o surgimento de vítimas de ações que também são execráveis.
A violência psicológica contra os
homens pode ocorrer com mães contra seus filhos, mulheres contra namorados,
maridos, colegas de trabalho. Nesse caso, uma das características mais assustadoras
é a da “perversa narcisista”.
A perversidade narcisista é
estabelecida de várias formas e tem como características: egocentrismo (que é
um conceito diferente de egoísmo; este pode ser benéfico em várias situações),
maledicência (pessoa que vive falando mal de outros, de uma forma absolutamente
cruel), necessidade de sempre odiar alguém, mesmo que não haja motivo algum,
desqualificar o outro frequentemente, ataques de ira quando contrariada,
desejar não apenas humilhar, mas, se possível, destruir o outro emocionalmente,
buscar sempre o conflito, culpar sempre o outro, ser a “dona da razão” qualquer
que seja a situação, absoluta falta de empatia, entender o outro como um objeto
que está a disposição dela, entre outras características...
Pessoas assim, não
necessariamente são psicopatas, mas estão no limite para tal. Não é algo fácil
de diagnosticar, mesmo para profissionais experientes. Da mesma forma, a vítima
(que prefiro chamar de sobrevivente) nem sempre compreende o que está acontecendo;
podem se passar anos e anos até que a pessoa se dê conta da violência a que foi
submetida.
Por que alguém se submete a
isso? No caso de um relacionamento amoroso (namorado, marido) uma das causas
mais comuns é o fato do sobrevivente ser uma pessoa de baixa autoestima, de
pouca estrutura emocional, que enxerga no violador um “porto seguro”; é o
processo de idealização do outro, entendendo que esse outro possui as
qualidades ou fortalezas que ele não tem. Isso acaba se transformando em uma
relação dependente-emocional, ou um amor patológico.
Como se livrar disso?
Evidentemente, não é algo simples, a perversa narcisista jamais se
reposicionará. É necessário compreender isso, buscar apoio de pessoas de
confiança ou, em muitos casos, de um profissional competente. Muitas vezes
levará anos para que o sobrevivente consiga se libertar internamente, começar a
amar a si próprio e, finalmente, conquistar o bem-estar, pois o processo de destruição
emocional é gigantesco.
Este é um primeiro artigo
de outros que detalharão mais ainda esse processo de violência. Não se cale, procure ajuda!
Mauricio Lambiasi
Graduado em Administração e Psicologia Clínica
Pós-graduado em Biologia
Mestrado em Gestão de Pessoas
Doutorando em
Ciências Empresariais e Sociais
Formando em Psicanálise Clínica
Pois é.....
ResponderExcluirRealmente é algo pouco falado mas que infelizmente existe muito. É fundamental buscar ajuda de familiares, amigos e um profissional. E aos que conseguem se libertar, o melhor a fazer é se permitir ser acolhido não só por um profissional, mas pelas pessoas que o amam, focar em coisas boas que elevem sua autoestima e que se perdoem, mais que perdoar o agressor, pois isso fará com que eles deixem pra trás tudo que lhes faz mal e vivam tudo de maravilhoso que ainda têm pra viver, da melhor maneira possível, pois eles merecem e podem!
ResponderExcluirConcordo plenamente 👍
ExcluirMuito grato pelo comentário, Débora.
ExcluirExcelente tema.. o importante é procurar ajuda e se libertar !!!
ResponderExcluirMuito obrigado Edilene pelo comentário.
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