Relacionamentos abusivos: como evitá-los, como superá-los
Relacionamentos
abusivos: como evitá-los, como superá-los
Nos dois artigos anteriores
foram abordadas as características de um relacionamento abusivo, de vítimas e
de abusadores. Por que isso acontece? Por que nós, seres humanos, somos
capazes de atitudes tão elevadas, como práticas de bondade, da composição de
uma música sublime, e outras tão atrozes, como o holocausto?
Porque somos assim. A
evolução, biologicamente falando, é um processo acidental e imprevisível. Somos
frutos do cruzamento de ao menos quatro espécies do gênero Homo; ou seja, houve
ao menos quatro grupos de hominídeos que conviveram e geraram descendentes
entre si. Apenas de 1,5% a 7% do genoma humano não veio de um ancestral comum,
e essas mutações “exclusivamente nossas” ocorreram há apenas 600 mil anos (um
pequeno lapso de tempo na história da vida na Terra, estimada em 3,8 bilhões de
anos).
Em resumo, somos uma
espécie de “colcha de retalhos” evolutivos (bem grosso modo), frutos de uma
herança genética influenciada e interagindo com incontáveis variáveis
ambientais ao longo de milênios. É de uma complexidade enorme; não é por acaso
que ainda há muito a ser descoberto pelos gloriosos pesquisadores da área...
E o que isso tem a ver com
o assunto tratado? Significa que é necessário compreender que a natureza
humana é assim, mas, por outro lado, não se trata, de forma alguma, de aceitar
ações não desejadas, ruins, más. O processo civilizatório existe justamente
para aprimorar as relações humanas, por meio da educação, da conscientização,
de leis.
Existem pessoas boas?
Sim, claro! Existem pessoas más? Sim, claro! Por que são más?
Porque são. Algumas, como as psicopatas, são assim; nasceram com algum “defeito
de fabricação”; é uma forma de ser. Outros, são frutos, ou vítimas de “transtornos
psíquicos” que foram desencadeados, em parte, pela sua configuração genética, e
em parte pela história de vida, todas as influências, traumas que tenham vivido
(bem simplificadamente, a Epigenética estuda os mecanismos que influenciam os
genes, ou seja que os “ligam” e os “desligam”).
Viver sob o domínio ou
influência de pessoas assim, quer seja nas relações afetivas ou laborais,
poderá redundar em grande sofrimento psíquico para a vítima; inclusive, esta poderá
ser uma pessoa que se tornou dependente emocional do abusador; alguns entendem
que é um processo psicofisiológico semelhante à dependência de drogas, como a
cocaína; ou seja, é muito difícil livrar-se dela.
Com isso, seguem algumas
sugestões para evitar ou se livrar de um abusador (abusadora):
- Compreender que você (vítima),
ou seja, não tem culpa do que está acontecendo. Você é VÍTIMA. Pessoas que
dizem: “mas a culpa é dos dois, você tem participação nisso”. Neste caso, NÃO É
ISSO!! Você é VÍTIMA!! Fuja desse argumento de curiosos que querem “ajudar”.
- Quem ama ou respeita o outro,
não o maltrata!!! É diferente de uma ocorrência muito pontual em que a pessoa
reconheceu que se excedeu, se desculpou etc. Ações desse tipo, frequentes,
mesmo vindo com pedido de desculpas, NÃO É REAL, É MANIPULAÇÃO!!
- O abusador sempre irá
argumentar que você é o responsável, você é o culpado de tudo o que acontece.
Quando você tenta contrapor, ou ilustrar com ações realizadas opostas a que o
abusador está lhe acusando, ele fica ainda mais irritado!!! É melhor calar-se
(e, posteriormente, se livrar dele)!!
- O abusador muitas vezes é um
mentiroso compulsivo e utilizará a mentira para argumentar contra você ou para
se promover perante outros. Essa pessoa NÃO SERVE PARA VOCÊ!!!
- O abusador pensa sempre nele
mesmo; você acaba sendo um objeto para satisfazer as necessidades materiais,
emocionais, o narcisismo e a perversidade dele! NÃO SEJA SUBMISSO!!!
- Procure conversar a respeito
com pessoas em quem você CONFIE!! Cuidado com os falsos amigos ou parentes que
não desejam realmente o seu bem. Frases do tipo: “Isso vai passar, ele vai
mudar, tenha paciência, você está exagerando” em NADA AJUDARÃO!!
- Muitas vezes é difícil até
mesmo acreditar que o que está acontecendo é verdade. Se não se sentir seguro
quanto a isso ou não tiver pessoas em quem confiar, procure a ajuda de um
profissional, psicólogo, psicanalista ou psiquiatra (outros profissionais podem
não estar habilitados a realmente ajudar).
- Há leis que buscam proteger
vítimas de abusos. Procure conhecê-las. Atualmente há muita comunicação a
respeito e inclusive entidades que poderão ajudar!!!
- Procure cultivar
relacionamentos saudáveis; pessoas problemáticas, narcisistas, egocêntricas,
não são adequadas; começar uma relação em que há algum sinal de que a pessoa é
problemática, pode ser uma armadilha, principalmente se você tiver carências
emocionais ou for extremamente empática. Relacionamentos (mesmo de amizade),
NÃO devem servir para preencher lacunas emocionais!!!!!!
- Relacionamentos saudáveis são
aqueles em que há respeito à individualidade, em que há apoio aos anseios do
outro, em que se fica feliz pelas realizações do outro, em que estar juntos é
sinônimo de sentir-se bem!!!
- Busque o autoconhecimento (que
deve ser verdadeiro e profundo); preencha seu tempo com hábitos saudáveis de
alimentação, de práticas espiritualistas e físicas, de arte, de convivências
agradáveis. A vida é um lapso de tempo. Temos consciência do quanto ela é
efêmera. Aproveitar os bons momentos da vida muitas vezes não se trata apenas
de “destino”, mas sim um processo de construção...
“Seu coração não é uma
estrada para passeio de muitos. Seu coração é lugar que só fica quem faz por
merecê-lo.”
Charles Chaplin
Mauricio Lambiasi
Graduado em Administração de
Empresas e Psicologia Clínica
Pós-graduado em Biologia
Mestre em Gestão de Pessoas
Doutorando em Ciências
Empresariais e Sociais
Formando em Psicanálise
Clínica
Parabéns Maurício, por mais texto profundo, completo e esclarecedor.
ResponderExcluirMuitíssimo obrigado Sandra!!!
ResponderExcluirOi Maurício, adorei a qualidade do texto. Incluo em sua discussão o abuso à criança. Este tema/foco tem um universo único. A vítima não tem autonomia emocional, independência ou entendimento à violência. Aí nesta visão, o agente será o cuidado das pessoas que deverão ter um olhar atento a 'sinais' que a criança emitirá, e bem ali haverá um pedido de socorro.
ResponderExcluirVocê tem toda a razão, em nova oportunidade escreverei a respeito. Esse tema é quase um tabu e a omissão é muito grande; apenas quando algum caso sai na imprensa é que há manifestações efêmeras a respeito.
ExcluirMuito obrigado!!!
Parabéns.pelo texto
ResponderExcluirMuito obrigado!!!
ExcluirParabéns pelo texto Maurício. Gostei muito!
ResponderExcluirMuito obrigado Tânia!!!!
ExcluirÓtimas dicas e alertas para relacionamentos saudáveis. Parabéns Maurício!
ResponderExcluirMuito obrigado Márcia!!
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